“Fera” será usada aqui no
seu sentido literal, o de um animal selvagem que devora animais mais frágeis,
só que o animal é um homem e a bela, como está claro, uma linda mulher. Mas “devora” está no figurado e a bela é o
animal mais frágil.
Não é de agora que
me considero um animal. Sabemos que a Biologia nos classificou como animais e
que o que nos diferencia dos demais é a razão, uma vez que esses demais são
instintivos, ou seja, não tem a faculdade de raciocinar. Assim, consciência e
consequência não são coisas que animais destituídos de razão entendem. Porém no
meu âmago sempre agi por instinto que é o ímpeto pela busca por sexo; tudo em
mim, absolutamente tudo, converge para o fazer sexo. Nada nunca me cativou
tanto como fazer sexo. Desde a conquista da presa até o ato em si, tudo me
impressiona. O jogo psicológico por traz da sedução é quase tão incrível quanto
a magia que envolve o momento do sexo. Na hora H, ver a minha presa delirando
de prazer constitui meu objetivo primordial, pois isso já é indescritível em
termos de sensações por mim sentidas. Em seguida ao atingir níveis de prazer
que ainda não sei quantificar, entro numa esfera de sensações que mais parece outra
dimensão fora dessa espacial que estamos inseridos. Todos os órgãos dos
sentidos em meu corpo se ativam de tal forma que o meu cérebro bloqueia todo o
resto. A parti daqui já não tenho mais noção de perigo e todos os outros
sentimentos que isso implica. Sexo pra mim é uma droga que quanto mais uso mais
dependente fico. Essa droga que ativa única e exclusivamente meus instintos me
coíbe de respeitar os sentimentos alheios sejam eles quais forem e por isso é
que são presas.
Nessa busca desenfreada por mais presas, por mais droga,
encontrei uma linda mulher. Contudo, diferente das outras, esta é tão presa que
às vezes penso que não sou o animal que sou. Isso por que sinto a necessidade
de proteger e não de devorar (ou devorar e proteger?). Bom! O fato é que quero
estar ao lado da minha bela. Mas a minha condição não deveria permitir isso já
que sou apenas instinto. Talvez tal fenômeno aconteça porque quanto mais a
devoro mais presa ela se torna. Depois desta conclusão, talvez eu tenha
entendido o motivo da bela acalmar a fera. O que quero dizer é que a bela é o
paraíso da fera. Não importa quanta vezes eu a devore, ela sempre estará mais
bela. Existiria ciclo mais perfeito?
Diego Mendes – God’s Prince
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