sábado, 17 de outubro de 2015

Eternidade

Às vezes me pergunto o que é poesia.
Às vezes me pergunto se ao menos sei o que é poesia.
As respostas não simpatizam comigo.
Talvez eu não saiba mesmo o que é poesia.
Alguém saberia?
Mas na minha infindável estupidez
Sei onde a poesia me levará
Sei que o fim último da poesia é para além da vida.
Pelo menos da vida como a conhecemos.

D. Mendes

sábado, 15 de agosto de 2015

Ponto Crítico


As palavras não conseguem mais ficar.

Elas querem, forçam sua saída.
Mas, são tantas e tantos estímulos
Que não sei como dizer o que elas querem.
Olho para a folha de papel, para o lápis...
Para a janela do meu quarto.

Não aguento mais... Vou explodir...

Mas, será uma explosão de letras
Ordenadas fonemas e sons
Sons que transmitem...Ondas
Ondas de informações. Não! De sensações.

Indizíveis... Mas com todos os segredos da alma
Alma do mundo... Carregada com todas as memórias
Memórias... Ai que incríveis memórias.
Memórias doutros tempos... Não tão distantes.
A distância de uma vida.
A distância do agora
Que parece ser infinito, pois não consigo alcançá-lo.

Me levem com sua força, com seu calor...
Me levem para os inimagináveis mundos de palavras...
Me levem!
Pois não restará pedra sobre pedra.

Apenas palavras.


D. Mendes

sábado, 27 de junho de 2015

Fuga



Perco-me em dúvidas
E sem pensar fujo
Fujo do mundo
Fujo de mim
Fujo dos segundos
Fujo

A vida é temerosa
A minha fuga continua

Aonde vou não posso me esconder
Fujo
Aonde estou não devia estar
Fujo
Não consigo mais parar
Fujo
Incessantemente.
Me segue!
  D. Mendes


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Além de mim

Basta te ver pra tudo começar
O seu olhar penetrante e sedento
Corta-me em fatias e deixa-me impotente.
Invade minha alma e tudo que sei
É que não sou dono de mim
Tudo está em você e pra você
Minhas mãos fogem do meu controle
E ao teu rosto de repente as encontro

Com seus olhos me hipnotizando
Sinto meu corpo responder ao seu calor
Que agora se uni ao meu.
Nessa dança inebriante me perco
No seu corpo que me inunda
Como a maré cheia.


Procuro ar e encontro seus lábios
Famintos por mim.
Lábios que me dominam, mordem
E fazem de mim seu servo
Pra servi grandes e pequenos.

E como uma felina implacável
Deixa sua marca na vítima que devora.
E quer mais, mais... mais.
E não para até nada restar. 

D. Mendes

sábado, 23 de maio de 2015

A pergunta

Certa vez a Paixão me perguntou:
Qual a diferença entre o poema e a poesia?

Eu de pronto respondi:
Poema é o todo delineado
Por partes;
Poesia é o que te preenche,
Quando os contempla.


Diego Mendes

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Noite Vermelha




Foi naquele dia
Naquele dia que não saí de casa
Que não saí do quarto
Há lugar melhor que o quarto da gente?
Já não tinha mais motivos
Para tal.
À minha volta pessoas
Que não sabem que eu sou eu.
Que eu sou alguma coisa.

Mas quem se importa
Isso já não importa.
Nunca importou.

Sinto sede.
Mas não quero sair do meu quarto,
É tão bom aqui.
Ah! Tem água do meu lado
Minhas mãos estão molhadas.
Parece boa, mas
Está morna, a água
Tudo bem.
Essa água tem um cheiro.
Essa água tem uma cor.
A cor mais linda.
A cor da vida que pulsava.

Mas quem se importa.
Isso já não importa.
Nunca importou.

O chão tá bonito.
Tá pintado.
Pintado de vida
Que pulsava.

Mas quem se importa.
Isso já não importa.
Nunca importou.

O tempo parou.
A luz apagou.
O ar me deixou.
A noite se eternizou.

Diego Mendes

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Divagação


Viver
Morrer
Dançar, pular.
Sonhar com uma vida
estruturada e de qualidade.
Se apaixonar por uma mulher
distante e que ama.
 Sofrer longe ou perto da
família pobre sem casa
choupana coberta de palha
e tapada de barro.
O que são os amigos?
Pessoas estranhas
e também sem vida
como eu.

D. Mendes

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A Bela e a Fera

            “Fera” será usada aqui no seu sentido literal, o de um animal selvagem que devora animais mais frágeis, só que o animal é um homem e a bela, como está claro, uma linda mulher.  Mas “devora” está no figurado e a bela é o animal mais frágil.
             Não é de agora que me considero um animal. Sabemos que a Biologia nos classificou como animais e que o que nos diferencia dos demais é a razão, uma vez que esses demais são instintivos, ou seja, não tem a faculdade de raciocinar. Assim, consciência e consequência não são coisas que animais destituídos de razão entendem. Porém no meu âmago sempre agi por instinto que é o ímpeto pela busca por sexo; tudo em mim, absolutamente tudo, converge para o fazer sexo. Nada nunca me cativou tanto como fazer sexo. Desde a conquista da presa até o ato em si, tudo me impressiona. O jogo psicológico por traz da sedução é quase tão incrível quanto a magia que envolve o momento do sexo. Na hora H, ver a minha presa delirando de prazer constitui meu objetivo primordial, pois isso já é indescritível em termos de sensações por mim sentidas. Em seguida ao atingir níveis de prazer que ainda não sei quantificar, entro numa esfera de sensações que mais parece outra dimensão fora dessa espacial que estamos inseridos. Todos os órgãos dos sentidos em meu corpo se ativam de tal forma que o meu cérebro bloqueia todo o resto. A parti daqui já não tenho mais noção de perigo e todos os outros sentimentos que isso implica. Sexo pra mim é uma droga que quanto mais uso mais dependente fico. Essa droga que ativa única e exclusivamente meus instintos me coíbe de respeitar os sentimentos alheios sejam eles quais forem e por isso é que são presas.
            Nessa busca desenfreada por mais presas, por mais droga, encontrei uma linda mulher. Contudo, diferente das outras, esta é tão presa que às vezes penso que não sou o animal que sou. Isso por que sinto a necessidade de proteger e não de devorar (ou devorar e proteger?). Bom! O fato é que quero estar ao lado da minha bela. Mas a minha condição não deveria permitir isso já que sou apenas instinto. Talvez tal fenômeno aconteça porque quanto mais a devoro mais presa ela se torna. Depois desta conclusão, talvez eu tenha entendido o motivo da bela acalmar a fera. O que quero dizer é que a bela é o paraíso da fera. Não importa quanta vezes eu a devore, ela sempre estará mais bela. Existiria ciclo mais perfeito?


Diego Mendes – God’s Prince